São Paulo e suas histórias: Viaduto do Chá

Sérgio Botêlho – Uma das obras mais importantes do final do século XIX e início do XX, em São Paulo, o Viaduto do Chá ultrapassou barreiras naturais e pessoais para ser construído, e dividiu a história urbana da capital paulista

Viaduto do Chá
Viaduto do Chá (Crédito da foto: Sérgio Botêlho)

Entre o Centro Histórico de São Paulo – marcado pelos Largos de São Bento e de São Francisco, e o Pátio do Colégio – e a região da República – a partir do emblemático Teatro Municipal (hoje conhecida como Centro Novo) -, sempre existiu o ribeirão Anhangabaú correndo em meio a um vale que praticamente impedia a expansão da cidade na direção daquela área já ocupada de forma tanto numerosa de gentes quanto precária de serviços urbanos. HISTÓRIAS DE SÃO PAULO

O caminho até o que hoje é conhecido como República e Consolação tinha como principal atravancamento justamente o Vale do Anhangabaú, a impedir o desenvolvimento daquela parte do outro lado do rio para as bandas de onde aos trancos e aos barrancos a cidade se expandia. A exigência que crescia entre os moradores daquelas áreas, também composta por chácaras e fazendas, e por onde passavam os que se dirigiam ao interior do estado. era da construção de um viaduto por sobre o vale. Do outro lado, olhando para Centro Histórico, existia o Morro do Chá (daí que vem o nome de Viaduto do Chá), onde alguns nobres e ricaços da época plantavam chá.

Pois bem. Depois de muita reclamação e de muita esperança alimentada aqui e ali pelas autoridades, em 1877 foi elaborado o projeto do Viaduto do Chá. Seis anos depois, em 1892, foi inaugurada a primeira versão da obra, com uma estrutura metálica importada da Alemanha, e piso de madeira. Não sem antes ter havido uma luta danada para sobrepujar a oposição de nobres que tinham construções fadadas ao desaparecimento na construção do viaduto. Como foi o caso da Baronesa de Tatuí, que somente desocupou seu imóvel depois de a Câmara Municipal desapropriá-lo e o povo começar a derrubar o muro que cercava a referida mansão.

Daí em diante, tudo correu diferente na história urbana de São Paulo, com a cidade se urbanizando na direção da República e da Consolação, na construção da Avenida Paulista e do Teatro Municipal, da Praça da República, entre outras obras icônicas do chamado Centro Novo de São Paulo. Já no ano de 1938 a primeira versão do viaduto foi substituída por uma outra, com o dobro da largura da versão original, e erguida à base de concreto armado. É a versão que ainda hoje está de pé.

 

 

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