São Paulo e suas histórias: a Igreja das Almas dos Enforcados

Sérgio Botêlho – Ao caminhar ao redor da Praça da Liberdade, no bairro da Liberdade, em São Paulo, ao curioso se revela uma igrejinha, que apela às Almas dos Enforcados, escondida por prédios em todos os lados, porém de um passado de imensa carga histórica

No início da década do século XIX começou a história da Igreja de Santa Cruz das Almas dos Enforcados. Era a época do Brasil ainda Império, e às vésperas da sua independência com relação a Portugal. Igreja que, por milagre, ainda se encontra em pé praticamente no lugar em que foi construída.

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O enredo começa na então Vila de Santos, quando soldados brasileiros se amotinaram por conta de atrasos de soldos, Tratava-se de uma época em que os soldados de origem portuguesa tinham privilégios sobre os nativos. Dessa forma, inclusive – e, principalmente – no recebimento de seus salários, o que acendia a revolta dos brasileiros.

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Perseguição

Sufocada a rebelião e prenderam seus líderes. Entre eles, um rapaz paulista de origem humilde, conhecido como Chaguinhas foi condenado à morte pela forca. A execução seria realizada em São Paulo, bem diante de seus conterrâneos.

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Marcado o dia da execução em que Chaguinhas e outro colega de farda deveriam ser enforcados. Contudo, na vez do paulistano, a corda arrebentou-se três vezes. Assim, enquanto o povo pedia pela liberdade do rapaz.

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Porém, sem qualquer piedade, o suplício continuou até a morte de Chaguinhas. Portanto, a despeito dos pedidos por clemência do povo que gritava “Liberdade, Liberdade”. Assim porque havia a crença de que, rebentada a corda, o condenado deveria ter o perdão.

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Veneração

No local onde Chaguinhas foi morto, a partir daquela data, as pessoas começaram a venerá-lo. Essa veneração popular acabou levando à construção da capela que, teimosamente, ainda está de pé hoje em dia. De acordo com alguns memorialistas, a capela não possui muito apoio.

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Nem por isso a igrejinha deixa de chamar a atenção de quem passa e, ainda mais, quando se conhece a sua história, que faz parte das histórias que forjaram a cultura e a religiosidade dos paulistanos, com destaque especial para o Bairro da Liberdade.

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A praça, antigamente chamada de Largo da Forca e que hoje atende pelo nome de Praça da Liberdade, é testemunha ainda de inúmeros enforcamentos, especialmente de negros revoltados com a escravidão, a quem, de uma maneira geral, a Igreja de Santa Cruz das Almas dos Enforcados presta silenciosa e resistente homenagem.

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(As fotos são de Sérgio Botêlho, repórter e editor deste site Para Onde Ir.)