Por que alguns não usam máscara, apesar da pandemia?

Sérgio Botêlho – Apesar da pandemia em curso e das recomendações médicas, mesmo em países onde a vacinação já anda bem avançada (no caso, em ambientes fechados), no Brasil, onde os patamares de infecção e de mortes se mantêm em patamares elevados, há os que insistem em refutar o uso de máscaras, mesmo em ambientes fechados. E não são poucos.

No país onde moramos e ganhamos o nosso pão, há exemplos gritantes dessas pessoas refratárias às máscaras, artefato que funciona como barreiras físicas para evitar que os perdigotos da vida venham a nos infectar. Pior é quando as gotículas possivelmente contendo os vírus são geradas por espirros ou tosses momentâneas na nossa cara ou perto de nós o suficiente para que sejamos infectados.

Com a vida social perto de voltar à normalidade (vide transportes coletivos lotados, bares e restaurantes efervescentes, filas por motivos diversos, locais de compra e de venda frenéticos, praias cheias etc.), quando a manutenção das regras de isolamento e distanciamento social vão se tornando coisas do passado, ainda que um passado ainda tão perto, então é que as máscaras se tornam necessárias.

Contudo, não são raras as brigas, que até chegam às chamadas vias dos fatos, entre as pessoas que reclamam a necessidade das máscaras e os que insistem em não usá-las, apesar de obrigatórias no território brasileiro, principalmente a partir de decisões de governadores e prefeitos, respeitosas à ciência. O presidente da República, por exemplo, não costuma respeitar essas regras, e até já acumula multas estaduais, por isso.

Mas, qual a razão de tantas pessoas não usarem máscara e até agredirem que lhes reclama a não obediência aos ditames científicos? Li recentemente um estudo (aliás, há muitos estudos sobre essa incontinência científica), veiculado pela CNN, que traduz investigações a respeito da personalidade desse pessoal, um pessoal altamente perigoso ao bem estar da coletividade em virtude de tal comportamento.

O estudo, segundo a CNN, é brasileiro e publicado na revista Personality and Individual Differences, revela alguns traços preocupantes nessas pessoas que não querem usar máscara, preferindo, pois, ou serem infectadas ou infectarem uma ou mais pessoas, dando continuidade à pandemia e, mesmo, piorando-a, já que quanto mais infectados mais mortes e mais geração de variantes.

Pois bem. Segundo o estudo, essas pessoas sofrem de níveis mais baixos de empatia, que é a capacidade de perceber, compartilhar e inferir pensamentos e emoções de outras pessoas; de níveis mais altos de insensibilidade; de tendência para o engano e o autoengano; e de preferência pela adoção de comportamentos de risco.

Com efeito, essas pessoas estão contribuindo, de forma criminosa, para o fortalecimento do vírus, via sua multiplicação em cepas cada vez mais pujantes e capazes de acelerar contágios e mortes. Em suma, indivíduos altamente perigosos à convivência humana e às obrigações sociais. No que se impõe uma enorme preocupação com o futuro mais próximo do Brasil. Do mais distante, nem se fala!

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