5 de agosto: importância da data na história da Paraíba

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Sérgio BotêlhoHá uma divergência de 3 meses entre historiadores sobre qual seria a data mais acertada para marcar a fundação da atual cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba. 

Uma parte dos estudiosos defende o 04 de novembro de 1585, com alguma razão, porque foi nessa data em que o ouvidor-mor da Capitania da Bahia, Martim Leitão, deu início efetivamente à edificação de prédios e equipamentos urbanos diversos.

Já em 05 de agosto daquele ano de 1585, três meses antes, foi selada a paz com os Potiguares. Para o sucesso da empreitada os portugueses contaram com a ajuda dos Tabajaras, além de um surto de varíola em meio aos nativos (embora haja sido uma paz meio que efêmera, uma vez que a guerra entre índios e brancos ainda demorou uns 14 anos, até 1599). 

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Batismo

A fortalecer a data de 5 de agosto, no caso, tem o batismo realizado pelos próprios colonizadores. Segundo costume de Portugal, à época das colonizações, cidades e povoações que iam surgindo tomavam o nome de santos do dia. Dessa forma aconteceu com a nova localidade, chamada de Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, que é festejada pela Igreja Católica a 5 de agosto. Para os colonizadores, por conseguinte, não parecia haver dúvida quanto a data simbólica de fundação do que hoje é a capital paraibana.

Assim posto, João Pessoa completa agora em 2020, neste 5 de agosto, 435 anos de fundação, sendo corretamente entendida como a da fundação da Paraíba (por isso, o feriado estadual). Portanto, os mesmos 435 anos que completaria daqui a 3 meses, caso prevalecesse a data de 04 de novembro como a mais conveniente.

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Importância

Não é difícil avaliar a importância do 5 de agosto para a história da Paraíba. A paz selada naquela data encerrava uma encadeamento de insucessos portugueses na busca pela conquista do território. O mau tempo ou a resistência dos potiguares conspirava contra os lusitanos.

O interesse de Portugal sobre a Paraíba foi crescendo à medida que o litoral brasileiro era vorazmente saqueado por piratas e, em especial, pelos franceses, que se aliaram aos potiguares nessas empreitadas.

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Tal interesse foi definitivamente elevado à primeira das preocupações do colonizador após o massacre de Tracunhaém, quando cerca de 2 mil índios mataram mais de 600 moradores da Fazenda Tracunhaém, em 1574, para vingar o rapto da filha de um cacique. Daí a capitania de Itamaracá foi desmembrada e formada a Capitania Real da Parahyba. O problema passou a ser, então, a posse concreta da nova capitania.

As expedições

A primeira expedição foi em 1574, ainda. Na oportunidade, o Ouvidor Geral D. Fernão da Silva chegou a tomar posse da nova capitania em nome do rei. No entanto, tudo não passou de uma armadilha, pois os índios atacaram os portugueses, que se retiraram atabalhoadamente e com muitas perdas.

A segunda, em setembro de 1575, partiu da Bahia, tendo à frente o próprio governador-geral Luís de Brito d’Almeida. O tempo ruim fez com que aquela esquadra de 12 velas retornasse a Salvador sem sequer ter chegado a Pernambuco.

Na terceira expedição, em 1579, o comerciante e fidalgo português, Frutuoso Barbosa, que a chefiava, terminou perdendo sua esposa, após terrível tormenta, tendo de retornar a Portugal. Em 1582, houve a quarta expedição, quando o mesmo Frutuoso caiu em nova armadilha dos potiguares com os franceses, tendo, então, perdido um filho

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Na quinta expedição, também com a participação de Frutuoso Barbosa, e mais, o militar espanhol Flores Valdez e Felipe de Moura, os franceses foram expulsos. E, então, foram construídos os fortes de São Tiago e São Felipe.

No entanto, a luta de portugueses e espanhóis contra os índios (estavam unidos Tabajaras e Potiguares) não cessou. Além disso, as desavenças entre portugueses e espanhóis contribuíram para a situação piorar ainda mais.

Com a paz selada em 05 de agosto de 1585, portanto, o esforço de tantas armadas parecia, enfim, recompensada. Foi aí, então, que os conquistadores batizaram a cidade com o santo do dia e, três meses depois, se puseram a construí-la.

(Sérgio Botêlho)

Fontes:

História da Paraíba: 2.1. Primeiros Capitães-Mores.

https://www.algosobre.com.br/historia/historia-da-paraiba-2.1.-primeiros-capitaes-mores.html

Entrevista de Wellington Aguiar ao O Globo, nos 427 anos da cidade de João Pessoa

http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2012/08/joao-pessoa-3-capital-mais-antiga-do-brasil-completa-427-anos.html

Historiador revela ‘erro histórico’ e diz que João Pessoa nasceu em novembro (entrevista com o médico e historiador Guilherme D’Ávila Lins ao Jornal da Paraíba, quando do aniversário de 424 anos da cidade de João Pessoa )

https://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/historiador-revela-erro-historico-e-diz-que-jp-nasceu-em-novembro.html

História de João Pessoa 

http://www.de.ufpb.br/~ronei/JoaoPessoa/histor.htm

História da Conquista da Paraíba – Anônimo – Edições Senado Federal

https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/573099/000856368_historia_conquista_paraiba.pdf?sequence=8

História da Paraíba – Polícia Militar da Paraíba

http://www.pm.pb.gov.br/arquivos/Historia_da_Paraiba.pdf

Guerra dos Potiguares

https://www.infoescola.com/historia/guerra-dos-potiguares/

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