Sérgio Botêlho – Não houve tempo para que Dom Pedro II, de Portugal, visse concluída a Casa da Pólvora e Armamento, na Cidade da Paraíba, por ele idealizada, o que somente aconteceu após sua morte. Cercada por domínios religiosos, a construção bélica, em João Pessoa, data de 1710 e resiste como um dos principais testemunhos, em pedra e argamassa, da história pessoense
Não foi fácil o projeto sair do papel, numa peleja burocrática que teve início em 1693, no reinado de Dom Pedro II, o Pacífico, com a edição de uma Carta Régia pedindo estudos para a sua construção. Também foi no reinado do Pacífico que teve início a construção, em 1704. Quem governava a Paraíba era o capitão-mor Fernando de Barros e Vasconcelos.
Igreja de Santo Antônio, em João Pessoa (bela e contemporânea)
No entanto, a Casa da Pólvora e Armamentos apenas foi entregue em 1710, já no reinado de Dom João V, o Magnânimo, depois de 17 anos, portanto. A Paraíba, então, tinha como governador geral o português João da Maia da Gama, um guerreiro sobrevivente a inúmeras guerras, ferimentos, doenças e tempestades pelos mares do mundo.
JOÃO PESSOA E SUAS HISTÓRIASA Ladeira de São Francisco, que tem início na Cidade Baixa e termina no Complexo Religioso de São Francisco, e que também dá acesso à Basílica de Nossa Senhora das Neves, foi o local escolhido para a construção do referido depósito de material bélico.
E-BOOK GRATUITO: Praias urbanas da Grande João PessoaDestinado a fazer parte do sistema de defesa da então Cidade da Paraíba, a Casa da Pólvora tinha, de quebra, uma visão privilegiada do Vale do Sanhauá, o que acrescentava valor ao seu propósito defensivo.
Importa lembrar que no referido Vale do Sanhauá ficava o Porto do Capim, na região do Varadouro, único ponto de entrada para a Cidade da Paraíba e, portanto, alvo de todo o esquema de defesa ao longo do processo de construção da atual capital paraibana.
Do seu objetivo primeiro até os dias de hoje a Casa da Pólvora evoluiu – após forçosas intervenções físicas de restauração ao longo do tempo – do plano bélico originário para um espaço dedicado à arte e a cultura, de grande valor para a indústria do turismo.
Tanto assim que não somente abriga uma das mais valiosas coleções de fotografias da história pessoense, o Museu Fotográfico Walfredo Rodrigues, como serve de palco para concorridos eventos culturais e artísticos. Turista é o que não falta à Casa da Pólvora!
Dessa maneira, reunindo o seu valor histórico e as atuais funções artístico-culturais, a Casa da Pólvora se mantém como detalhe urbano singular na João Pessoa de hoje, com sua notável força histórica e apelo cultural próprio.
FONTES: