Acerca dos jornais impressos

Sérgio Botelho – Eu gosto de ler jornais. Eu gosto de escrever para jornais. Acho jornais mais documentais do qualquer outro meio informativo. Por isso, com mais apelo à consciência e aos cuidados de quem escreve para suas páginas. Penso que, por essas coisas, os jornais não desaparecerão conforme se especula. Seria possível vislumbrar um mundo mais dominado por outras mídias do que o nosso, agora?

Além da televisão e do rádio, que iriam acabar com os jornais, e não conseguiram, temos as diabólicas, mas fantásticas redes sociais. E milhões e milhões de vídeos a registrar de forma independente e contínua, de manhã, de tarde, de noite e de madrugada, os fatos mais dramáticos e, também, os mais normais e tranquilos a partir dos recantos mais ermos do mundo. Os influencers contam seus ouvintes e leitores e visualizadores na casa dos milhões, cada um deles. A Internet tem mais de 5 bilhões de usuários. E o jornal segue vendendo.

A máxima de que tudo flui, tudo muda, e de que nada se cria, tudo se copia, é muito mais dramática no mundo virtual do que nas páginas do jornal. No chamado ciberespaço, a qualquer hora você apaga ou muda o que escreveu. Nos jornais, a transitoriedade dos fatos e gentes e escritos é oferecida ao futuro de maneira estática, fotográfica, temporal, embora inescapavelmente contínua, na sucessividade de suas edições, e assim melhor fonte para os historiadores. Além disso, muitas pessoas ainda gostam de ler em papel. Acho que isso vai continuar.

Com efeito, tenho muita esperança de que os jornais continuarão a evoluir e a encontrar maneiras de atender às próprias necessidades de sobrevivência. Todos os dias leio os periódicos da chamada grande mídia impressa brasileira, pela internet, onde foram postados no formato e com o conteúdo originalmente publicados, em papel. E sem chance de terem textos modificados.

Estou falando de Folha de São Paulo, do O Globo, do Estadão e do Valor Econômico. Mas poderia estar falando de outros meios noticiosos impressos que pelo país afora seguem se apresentando diária, semanal, mensal, bimensal, trimestralmente etc.

Não raramente, suas capas pintam nas bancas, e assim vão para a Internet, envoltas em publicidades caríssimas. Suas páginas internas, do mesmo jeito. Há, portanto, gente a anunciar, com decorrente garantia de sobrevivência.

Sinceramente, não vislumbro hoje como o quadro atual possa piorar tanto, para os jornais e revistas e tabloides e demais, a ponto de tornar inapelavelmente ultrapassada a outorga pública desses meios. A não ser que a tecnologia dê uma cambalhota tão grande que mude tudo o que conhecemos hoje, a respeito. Isso é possível que aconteça, mas não que a antecipemos.

Em outra dimensão, claro, a maior parte do que expus valeria também para os livros.

Assim penso! E fortemente desejo!

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