João Pessoa: do Sanhauá a Tambaú foi uma verdadeira saga

Nascida à beira do Sanhauá, a cidade de João Pessoa cortou um dobrado para chegar até a orla de Tambaú

A história urbana da atual João Pessoa obedece a um ritmo bem lento no que diz respeito à trajetória percorrida até chegar à atual orla marítima da capital, especialmente Tambaú, que já foi chamada de Praia de Santo Antônio.

As primeiras ocupações residenciais e de negócios surgidas na atual Tambaú compunham um aspecto de aldeia. Eram pescadores que viviam em suas vilas, restando como lembrança, hoje, algumas casas nas avenidas mais próximas do Rio Jaguaribe.

Na beira mar, contudo, ainda resiste um concorrido pólo de pesca e de comércio de pescados, entre Tambaú e Manaíra, ao lado do modernoso e falido Hotel Tambaú, construído no início da década de 70.

De frente para o centro de pesca de Tambaú e olhando para o Hotel mantém-se uma obra em pedra e cal que presta homenagem à antiga denominação da praia: o edifício Santo Antônio, erguido na década de 60.

A particularidade é que a cidade, até o advento da República, e um bom tempo após a sua proclamação, existia em função, basicamente, da agropecuária, com destaque para a cana de açúcar, de onde emergia sua mais alta elite econômica.

Nesses tempos, a cidade da Paraíba (grafada, então, Parahyba) não conseguia, na direção do Leste, ir além da Lagoa dos Irerês, atual Lagoa do Parque Solon de Lucena, alinhando-se, de certa forma, ao conjunto das usinas de cana e de açúcar

Foi a urbanização da Lagoa dos Irerês que deu impulso ao crescimento da cidade no rumo da orla. Logo surgiu a Avenida Getúlio Vargas, enquanto outras importantes vias iam sendo construídas, a exemplo das Trincheiras, João Machado e Camilo de Holanda.

Importante destacar que antes disso, a partir de Tambiá, partiu uma linha férrea que fez o bonde chegar até Tambaú, na altura do saudoso e histórico Elite Bar no início dos anos 1900, facilitando a vida dos pescadores e permitindo a ocupação da orla com algumas casas de veraneio. 

Cumpre anotar que antes disso as praias que serviam para veraneio às elites e classes médias da capital paraibana eram as de Cabedelo, especialmente Praia do Poço, Formosa e Ponta de Matos.

Mas foi a abertura da Avenida Epitácio Pessoa, na década de 20, o evento a permitir o contato mais massivo e intenso da população da capital paraibana com sua orla. Maior, ainda, depois da sua pavimentação, no início da década de 50.

Hoje, Cabo Branco, Tambaú, Manaíra, e mais Bessa, Intermares, as praias de Cabedelo e a própria cidade portuária se encontram totalmente ligadas urbanisticamente com a capital paraibana, constituindo um único conjunto de prédios, casas e equipamentos.

Mas, como se vê, o caminho percorrido entre a margem do rio Sanhauá e a orla marítima pessoense foi uma verdadeira saga, que consumiu mais de 300 anos, diferentemente, portanto, de tantas outras capitais brasileiras que nasceram à beira do Atlântico.

O diferencial certamente é relevante para explicar a principal característica das praias urbanas de João Pessoa, que é a de se manterem mais limpas do que outras na mesma situação nas outras capitais. Além de belíssimas, claro!

FONTES:

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/504/1/RTS24102013.pdf

http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364613622_ARQUIVO_PARAAANPUH.pdf

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/480/1/AHJ02102013.pdf

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/480/1/AHJ02102013.pdf

http://ct.ufpb.br/ccau/contents/documentos/estagio-supervisionado-i/acervo-virtual-estagio-supervisionado-i-2019-4-suplementar/caroline-santos-da-silva-centenario-da-abertura-da-avenida-epitacio-pessoa_expansao-urbana-e-transformacoes-na-paisagem.pdf

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