Instalado em 1935 na Praça Antônio Prado, no Centro Histórico de São Paulo, o relógio de Nichile, assim chamado por ter sido iniciativa do publicitário Octávio de Nichile, é tombado pelo patrimônio histórico paulistano

Há uma iniciativa pessoal tomada pelo publicitário paulistano Octávio de Nichile, ainda na primeira metade do século passado, que até hoje sobrevive na Praça Antônio Prado (que marca o início da Avenida São João), no Centro Histórico de São Paulo, conhecida como o Relógio de Nichile.
HISTÓRIAS DE SÃO PAULONa verdade, o que Nichile pretendia era abrir espaços publicitários a partir de relógios implantados em pontos estratégicos da cidade de São Paulo, além de em Santos e Guarujá, espaços que rendessem lucro e fornecessem a hora exata à população.
Ao todo, Nichile implantou seis relógios, sendo 4 na capital paulista, um em Santos e outro em Guarujá. Deles todos, hoje somente resta o exemplar da Praça Antônio Prado, que está devidamente tombado e regularmente cuidado pelos descendentes de Nichile, que têm a tarefa como uma obrigação com a memória do pai, que faleceu em 1986.
O tombamento providenciado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo, órgão da prefeitura paulistana encarregado do assunto, data de 1992, e proíbe expressamente “a retirada do relógio da área municipal onde se localiza, ressalvada a adoção dessa medida quando necessária para reparos e manutenção, precedida de comunicação e autorização deste Conselho”.
Segundo trecho de uma matéria do jornal A Gazeta, de 4 de outubro de 1930, reproduzido pelo portal São Paulo em Foco, “o relogio do Dr. Octavio De Nichile consiste em duas faces collocadas sobre uma artistica columna, que pousa sobre uma base de cimento amado em forma de trapesio, toda revestida de azulejos. Entre os relogios e a columna, ambos finamente trabalhados, há dois quadrilateros lateraes de uma dupla face, armados em ferro e vidro fosco, tendo na parte interna lampadas electricas para a iluminação nocturna. Nesses, serão feitos os reclames. Esses relogios, alem da sua grande utilidade, ainda veem embellezar as nosas praças, tal a graça do seu aspecto. A conservação dos mostradores está a cargo de pessoal competente”.
Eis a história do relógio que resiste ao tempo na Praça Antônio Prado, ao lado de outras reminiscências marcantes da trajetória histórica de São Paulo.