Ponto de Cem Réis em flashes

Por Sérgio Botêlho – A homenagem foi ao herói da luta contra os holandeses no Brasil, André Vidal de Negreiros. mas o que vingou foi Ponto de Cem Réis

Até os dias de hoje, pouco adiantou a homenagem feita originalmente a André Vidal de Negreiros, herói da luta pela expulsão dos holandeses, no Brasil. O espaço ficou definitivamente conhecido como Ponto de Cem Réis.

Quem perenizou o nome da praça foi mesmo o povo, justamente quem mais se utilizava dos bondes que faziam parada no local, de volta ou na direção de alguns bairros da época da instalação desse revolucionário meio de transporte elétrico, na capital paraibana, então Cidade da Paraíba.

Isso porque o movimento dos referidos bondes, na praça, era marcado pelos cobradores daqueles coletivos a gritar o preço das passagens, na ordem de cem réis, na moeda de então. E, assim, não deu outra: o povo cunhou o consagrado apelido de Ponto de Cem Réis, a despeito de qualquer desagrado oficial

O logradouro foi definitivamente consolidado na década de 20 do século passado, com a derrubada de alguns prédios históricos na área, como a Igreja do Rosário dos Pretos, construção datada ainda do Século XVII.

Afinal, foi justamente na década de 20 do século passado que o processo de modernização urbana da cidade teve início. E que continuou, na década de 30, com a demolição da antiga Igreja das Mercês, para a construção da atual Praça 1817, abrindo o trânsito na direção das atuais Praça João Pessoa e da Rua Rodrigo de Aquino, no caminho da moderna avenida João Machado, também da mesma década do Ponto de Cem Réis.

A praça desde sua inauguração foi sempre um espaço privilegiado de manifestações políticas e culturais importantes para a história da capital paraibana, e mesmo para a Paraíba; nesse particular, dividindo prestígio com a Lagoa do Parque Solon de Lucena, ali pertinho.

Intervenções

Da sua inauguração até hoje, o Ponto de Cem Réis passou por diversas intervenções do poder público até alcançar sua ordenação atual. Mas, nada, em termos de contestação ao projeto original, pode se equiparar ao Viaduto Damásio Franca, da década de 70.

A última reforma, que apagou a ideia do viaduto, procurou, no grau de mais ou menos, o aspecto original da praça, embora sem o mesmo brilho e significado que ganhou no tempo. Porém, quando mais não seja, retomou a vocação de viabilizar eventos culturais de algum significado para a cidade e seus habitantes.

Formando o cenário do Ponto de Cem Réis, destaque para o prédio do Paraíba Palace Hotel, da mesma época de instalação da praça, que sobrevive à deterioração geral de edificações que foram surgindo ao longo do tempo, e à construção de outros que desfiguraram o espaço, como foi o caso do Edifício Régis.

O cenário de hoje é de degradação, apesar da reforma, à espera de uma nova intervenção oficial que busque especialmente restituir-lhe ao menos parte do brilho histórico. Sobretudo, dando destino a prédios como o do antigo Ipase, na esquina da Guedes Pereira, ao velho casarão dos Ávila Lins, na esquina com a Duque de Caxias, e ao vizinho edifício Duarte da Silveira, além do antigo prédio das Nações Unidas, os quais com diferenças de idade e disfunções da paisagem, acabaram formando o cenário do Ponto de Cem Réis, de tanto destaque na história da capital paraibana do Século XX.

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