Sérgio Botêlho – Para se entender bem a história da expansão de #JoãoPessoa é preciso conhecer a história da avenida João Machado
Para que o distinto consiga entender bem a construção da Cidade da Paraíba, atual João Pessoa, é preciso conhecer a história da avenida João Machado. Ela foi projetada aos moldes dos boulevards, a partir da francesa e de outros países europeus.
Diz a história que originalmente os boulevards rodearam as fortalezas medievais, se constituindo até como parte da defesa das cidades. Tinham como característica serem vias largas e arborizadas, muitas com canteiros centrais também arborizados.
Com a derrubada das fortalezas, os boulevards passaram a fazer parte das cidades, agora definitivamente ligados aos limites urbanos. Então, ganharam fama e fizeram sucesso ao redor de um mundo que cada vez mais buscava inspiração no progresso da Europa.
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Cidade da Paraíba
Com a Cidade da Paraíba, no final do século XIX e início do século XX, às voltas com os anseios de modernização, a ideia de um boulevard se acentuou. Dessa forma, especialmente frente às necessidades da oferta de serviços urbanos mais rudimentares e abertura de ruas.
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A pressão pelo moderno emanava muito fortemente das elites agrárias do estado, com especial destaque para os donos de engenhos, plantadores de algodão e altos comerciantes das duas mercadorias que faziam a riqueza do estado.
Essas elites buscavam com a expansão dos serviços de água, esgoto e iluminação urbanas e a consequente abertura de novas e amplas ruas, lugares propícios à construção de mansões residenciais mais luxuosas.
E não deu outra. No início do Século XX, ali pelos anos de 1910, começa a se desenhar a maravilhosa avenida João Machado. Inicialmente com o nome de Avenida Central, foi ela que definitivamente ampliou a cidade na direção do sul; mas também do leste.
Expansão da cidade
A João Machado surge ao tempo em que também foram sendo construídas as ruas das Trincheiras, a Maximiano Machado, a Rodrigues de Aquino (então, Palmeiras). E junto com a urbanização da Lagoa dos Irerês, acaba compondo um conjunto de artérias rumo à orla marítima.
Até a construção da João Machado, e das instituições da Santa Casa de Misericórdia, do Orfanato Dom Ulrico e do Grupo Isabel Maria das Neves, o atual bairro de Jaguaribe era ocupado por famílias pobres, em habitações esparsas e precárias.
Foi a partir da João Machado e, ainda, das Trincheiras que Jaguaribe foi sendo ocupado por setores da classe média e suas representações culturais.
Decadência
Embora muitas delas em franco e lamentável processo de destruição física, ainda há fortíssimas memórias habitacionais da época. Embora a avenida João Machado seja, hoje, predominantemente ocupada por equipamentos públicos e de serviços.
Atravessar a João Machado a pé, a começar do bairro do Cordão Encarnado, até encontrar a avenida Pedro II, antiga Estrada dos Macacos, apreciando cada uma de suas construções, e detalhes daquele boulevard marcante na história de João Pessoa, é um bom exercício lúdico e de reconhecimento da história da cidade.
É impossível, contudo, não lamentar o descaso que nossas autoridades dispensam à memória da cidade. Afinal de contas, a memória pessoense é também do estado da Paraíba, expresso pelo abandono de tantos prédios históricos e tão cheios de significados.
Anualmente, a Igreja de Nossa Senhora de Lourdes, na esquina da João Machado com as Trincheiras, patrocina uma das mais admiráveis e antigas manifestações religiosas da história paraibana, que é a Romaria da Penha, que percorre a tão marcante avenida pessoense, no rumo da Praia da Penha, onde termina a longa procissão. Isso, há 250 anos, isto é precedendo a própria abertura da João Machado.
Portanto, é tempo de nos ligarmos mais à história da Cidade da Paraíba, nossa atual João Pessoa. É preciso conhecer-lhe os marcos do tempo, aqueles que foram capazes de nos construir como povo até os dias de hoje.
Sérgio Botêlho e as Histórias de João Pessoa, no Para Onde Ir
Excelente Postagem! Não tinha conhecimento dessa belíssima cidade.