
Sérgio Botêlho – Há, na Paraíba, mais precisamente no município de Lucena, um dos mais belos e emocionantes monumentos sacros, dos tempos coloniais do país, dedicados à fé católica: a Igreja de Nossa Senhora da Guia, padroeira dos navegantes. De acordo com anotações históricas, a edificação original, uma capela, assinada pelos carmelitas, data ainda de 1591.
Erguida sobre um dos pontos geográficos mais altos de Lucena, permitiu visão privilegiada e estratégica da foz do Paraíba, em Cabedelo. Enquanto isso, os carmelitas cuidavam da catequese dos índios aldeados nas vizinhanças da igreja.
No entanto, conforme relato de Padre Lino do Monte Carmelo (1821-1874), então membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), um novo templo começou a ser construído por volta de 1730, tendo sido concluído alguns anos após a demolição do primeiro, demolição essa ocorrida em 1763.
Ao mesmo tempo em que foi erguida a primeira capela, os carmelitas também edificaram um convento, que veio abaixo no Século XIX, quando a Ordem deixou a província. O convento servia a Paraíba, Goiana e Recife.
Table of Contents
Barroco
De acordo com o ponto de vista arquitetônico, a Igreja da Guia (como é mais popularmente conhecida) pertence ao barroco. Mais particularmente, conforme classificação feita por historiadores da arte e da arquitetura, a um barroco tropical, por força das representações de plantas silvestres e frutas típicas da região esculpidas em suas paredes de pedra-sabão.
A reforçar



o aspecto tropicalista da construção, ainda nos dias de hoje ela é emoldurada por resquícios da Mata Atlântica. O altar-mor da Igreja da Guia, todo esculpido na pedra, é – de acordo com o historiador Percival Tirapeli, da Universidade Estadual Paulista (Unep), autor de Barroco Memória Viva-Arte Sacra Colonial – o maior do Brasil já construído em pedra calcária.
A obra sofreu nova intervenção física na década de 1980. Então, a responsabilidade dos trabalhos ficou por conta do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que restaurou a construção e urbanizou a área ao redor. Aliás, desde 1949 que a Igreja de Nossa Senhora da Guia é tombada pelo Iphan.
Romaria
Em capítulo especial, vamos tratar da Romaria da Guia, que tem a Igreja de Nossa Senhora da Guia como destino, sendo uma das mais importantes manifestações de fé da Paraíba. Portanto, motivo de icônica obra do cinema paraibano: Romeiros da Guia.
O curta m



etragem Romeiros da Guia foi dirigido, em 1962, pelos paradigmáticos cineastas paraibanos João Ramiro Melo (nascido em João Pessoa, e já falecido) e Wladimir Carvalho (natural de Itabaiana, e hoje professor da Universidade de Brasília).
(Sérgio Botêlho)
Fontes consultadas:
O IAHGP e a sociedade pernambucana, ontem e hoje
http://www.iahgp.com.br/historico/sociedade.php
Igreja de Nossa Senhora da Guia-Lucena-Paraíba
https://sanctuaria.art/2015/04/25/igreja-de-nossa-senhora-da-guia-lucena-pb/
Inventário. Igreja de Nossa Senhora da Guia
https://www.paraibacriativa.com.br/artista/igreja-de-nossa-senhora-da-guia/
Portal Unesp
https://www.unesp.br/aci/jornal/189/artes.php
Atrativo histórico – Igreja de Nossa Senhora da Guia
http://trilhasdospotiguaras.pb.gov.br/pt-br/destinos-e-trilhas/lucena/igreja-nossa-senhora-da-guia/
Lucena – Capela de Nossa Senhora da Guia – Iphan
Rosa A. Aguiar – Passeios incríveis pela Paraíba
http://abrajetpb.com.br/colunista/82/rosa_a_guiar_passeios_incriveis_pela_paraiba