Em seu perfil do Twitter, ainda há pouco, o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO) reforçou posicionamento em defesa da vida e da democracia. Dessa forma, claramente se referindo ao episódio patrocinado pelo presidente Jair Bolsonaro, e por hordas favoráveis à reimplantação de um regime autoritário, no Brasil, ocorrido nesse domingo, 19.
Escreveu o governador goiano: “Nunca intransigi {certamente, transigi} em dois princípios: a defesa da vida e da democracia. Não vou fazer roleta russa com a cabeça do trabalhador para agradar quem quer que seja. Vida não tem preço. Só com o menor número de vítimas do coronavírus e atendendo aos doentes, nós recuperaremos a economia”.
Especificando o que houve: o Presidente da República participou de ato público, ontem, onde cartazes e palavras de ordem pediam o retorno da ditadura. Tudo isso tendo como pano de fundo o Quartel General do Exército, em Brasília.
Entusiasmada, uma pequena multidão se acotovelava, em pleno regime de quarentena e distanciamento social estabelecido pela Organização Mundial da Saúde, na luta contra uma das mais terríveis pandemias, senão, a pior de todas, a se abater contra a humanidade, em toda a história.
Assim, o presidente não somente fortaleceu a palavra de ordem contra a democracia, entoada e transformada em cartazes e faixas, pelo movimento, como, ainda, demonstrou total desapreço pela defesa da vida e contra a morte de centenas de milhares de pessoas pelo mundo afora. Aquelas pessoas, e o próprio presidente, não podiam estar ali.
Governadores
Ainda nesse domingo, 19, Caiado assinou documento junto com outros 19 governadores, criticando o posicionamento do presidente. Dessa forma, 20 dos 27 chefes estaduais firmaram posição a favor da democracia e contra a quebra do isolamento social.
Vamos por partes. Em primeiro lugar, nada pode haver de pior neste momento da guerra contra a Covid-19, em nosso país, do que figuras do mais alto significado para a República, como é o caso do presidente, gastarem energia e influência em atos contra a democracia.
Há pouco mais de 30 anos, com a promulgação da Constituição de 1988, o país emergiu de outro período autoritário, em sua história. Lamentavelmente, não foram incomuns os golpes militares em períodos determinantes da vida brasileira. Trava-se nesse país, ainda, uma luta tenaz para garantir a permanência da democracia.
Ainda mais, agora, quando se luta contra uma pandemia que está longe de completar o seu quadro de destruição. Mais do que nunca, por conseguinte, precisamos aprofundar os laços democráticos, na população, fortalecendo os três poderes da República.
Com efeito, é tão somente pela democracia, e suas profundas ligações com a verdade, com a liberdade e com a transparência, que poderemos vencer a pandemia, em nosso país, resguardando-o, o máximo possível, de efeitos colaterais mais deletérios, após a guerra.
Ciência
Enfim, torna-se obrigatório, principalmente, agora, ter o maior respeito pela ciência, pois somente ela – e os homens que em seu favor trabalham – é capaz de elaborar as soluções capazes de derrotar o vírus. Buscar sua desmoralização, como aconteceu com os atos deste domingo, 19, é caminho certo para o aprofundamento da tragédia.
Então, o posicionamento do governador Ronaldo Caiado – num conjunto formado por duas dezenas de governadores, entre os quais os dois estados brasileiros mais populosos (São Paulo e Rio de Janeiro) -, revela uma independência e uma coragem, certamente, já inscritas para a história da guerra humana contra o coronavírus, no Brasil.
Enfim, registre-se a decisão do Ministério Público Federal, nesta segunda-feira, 20, em abrir inquérito contra os atos antidemocráticos desse domingo. Afinal de contas, a democracia é um reino de liberdade onde quase tudo pode, e, entre as coisas que não podem, uma delas é atentar contra ela própria, a democracia.
Obrigado botelho obra prima sucesso!
Beleza! Abraço!