Cooperativa do MST, a Coopan (Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita) receberá R$ 1 milhão de financiadora popular. Dessa forma, a Coopan vai poder incrementar a produção de arroz orgânico (já, maior da América Latina). Além da criação e abate de suínos e produção de leite de gado.
A financeira é a Finapop (Financiamento Popular), fundo gerenciado em parceria entre cooperativas do MST e uma corretora de investimentos. De acordo com o economista João Pedro Stédile, da Coordenação Nacional do MST, a iniciativa vai possibilitar que pequenos investidores coloquem dinheiro em projetos sustentáveis.
“Ele [o investidor] vai receber de retorno cerca de 4 a 5% e a agência vai repassar esse dinheiro na forma de empréstimo a uma taxa de juros também de 4 a 5 %. De maneira que quem empresta o dinheiro vai receber mais do que se aplicar na poupança e as cooperativas terão um mecanismo mais desburocratizado e flexível”, explica.
Experiência
A experiência de financiamento popular é baseada na instituição financeira holandesa Triodos, fundada em 1980, que tem como foco projetos sustentáveis. Antes do Finapop, as cooperativas tinham acesso somente ao empréstimo da Pronaf Agroindústria, que possui taxas de juros em torno de 6% ao ano.
Apesar de não ser um valor tão alto comparado com empréstimos tradicionais dos grandes bancos, a burocracia para se conseguir o dinheiro dificulta o processo. “E evidentemente que o gerente do banco vai priorizar os projetos maiores. Então, as cooperativas e associações não acessam essa política”, destaca Stédile.
O economista ressalta ainda que o crédito no Brasil funciona como uma grande máquina de especulação financeira. “As pessoas deixam dinheiro na conta corrente, e são bilhões em salário que vai sendo movimentado ao longo do mês. O banco não te paga nada de juros, mas ele pega esse dinheiro e “re-empresta” para o comércio, para indústria ou para alguém que precise de crédito a uma taxa de 48% ao ano”.
Neste sentido, com o Finapop, os pequenos e médios investidores que hoje emprestam dinheiro para os bancos especulares agora poderão colocar nas cooperativas. “É uma grande parceria entre os pequenos investidores que não querem que o seu dinheiro sirva apenas para especulação e os pequenos produtores rurais. De maneira que possamos criar uma sinergia entre o campo e a cidade, investidores e pequenos agricultores, organizados em cooperativas, e que estão dispostos a ampliar a produção de alimentos”, finaliza ele.