Arrebentando com Aparício Torelly, o Barão de Itararé
Em 29 de janeiro de 1895 nascia o gaúcho de Rio Grande, Aparício Torelly (Barão de Itararé). Assim, vinha ao mundo uma das figuras mais criativas e críticas que o Brasil já teve. Afinal, foi exercendo a criatividade e a crítica que o famoso Barão de Itararé viveu sua vida até 1971.
Nesse espaço de tempo, atravessou, com dissabores, duas ditaduras (a de Vargas e a militar). Contudo, nunca se deixou intimidar pelo autoritarismo, deixando como legado frases geniais e curtidas até hoje, como bem atuais.
Entre os dissabores que lhe dedicou o comportamento autoritário, consta uma surra que levou de oficiais da Marinha. Assim é que lhe foi retribuída a publicação, em seu jornal, de capítulos da história da Revolta da Chibata. Aparício foi sequestrado no escritório do jornal.
Ao retornar, não hesitou em colocar na porta o aviso de “Entre sem bater”. Por outro lado, o título de Barão de Itararé lhe foi concedido por ele mesmo. Dessa maneira, homenageou suposta batalha que ocorreria entre forças do governo e de Getúlio, em 1930, na cidade de Itararé.
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Imprensa
Desde que, aos 30 anos, chegou ao Rio de Janeiro, Aparício passou por vários jornais. O primeiro foi O Globo, de Irineu Marinho. O próximo foi A Manhã, inspirado no qual criou, depois, o indefectível A Manha.
No entanto, o maior sucesso de Aparício foi o seu Almanaque d’A Manha. Feito para ganhar dinheiro a fim de sustentar A Manha, a publicação ganharia enorme notoriedade. Em suas páginas anúncios, charges e textos críticos.
No Almanaque, ao se apresentar, o fez como na condição de “Senhor feudal de Bangu-sur-mer, homem sem segredos que vive às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas”. Enfim, um “grande herói que a pátria chora em vida e há de sorrir, incrédula, quando o souber morto”.
O Pasquim
O Barão de Itararé foi o grande inspirador do tabloide O Pasquim, que enfrentou a ditadura militar com muito humor. Hoje, há grupos de estudos dedicados a compilar e divulgar a obra de Aparício Torelly.
Frases famosas do Barão de Itararé
O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.
A criança diz o que faz, o velho diz o que fez e o idiota o que vai fazer.
Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.
Não é triste mudar de ideias, triste é não ter ideias para mudar.
Mantenha a cabeça fria, se quiser ideias frescas.
O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro.
Neurastenia é doença de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
De onde menos se espera daí é que não sai nada.
Quem empresta, adeus.
Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.
O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.
Este mundo é redondo, mas está ficando muito chato.
O fígado faz muito mal à bebida.
Devo tanto que, se eu chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!
Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta…
Tempo é dinheiro. Paguemos, portanto, as nossas dívidas com o tempo.
O voto deve ser rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar no seu candidato.
Em todas as famílias há sempre um imbecil. É horrível, portanto, a situação do filho único.
Negociata é um bom negócio para o qual não fomos convidados.