No comício da Central do Brasil, em 13 de março de 1964, falaram João Goulart, Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes em defesa das reformas de base
Em 13 de março de 1964, foi realizado o Comício da Central do Brasil. Esse comício mobilizou de 150 mil a 200 mil pessoas. Nele, João Goulart reassumiu seu compromisso com a realização das Reformas de Base.
As Reformas de Base foram uma proposta de João Goulart para diminuir a desigualdade social no Brasil e fortalecer uma economia nacionalista.
Sob essa denominação estavam as reformas agrária, bancária, fiscal, urbana, administrativa e universitária. Com as Reformas de Base, Jango pretendia alterar as estruturas da sociedade brasileira baseada na concentração de terras, propriedades e rendas, basicamente, além de propor algumas alterações na participação política da população.
A principal das Reformas de Base era a reforma agrária, que pretendia atacar a secular existência dos grandes latifúndios no país. Desde anos anteriores haviam sido formadas as Ligas Camponesas para poder realizar essa reforma agrária. O objetivo do governo era alterar a Constituição de 1946, que definia que as desapropriações de terras deveriam ser feitas mediante indenização, o que dificultava a realização da reforma. O objetivo de João Goulart e seus apoiadores era criar uma indenização a longo prazo, com pagamento feito com títulos da dívida pública.
No espaço urbano, a reforma consistiria na criação de condições para que os inquilinos pudessem comprar as residências por eles alugadas, mediante a ação do Estado, e também como pagamento feito com títulos da dívida pública. Era uma tentativa de resposta aos anseios das classes trabalhadoras urbanas, que viram o aumento de suas rendas nos anos anteriores.
Goulart atacou os chamados “democratas”, cuja “democracia do anti-povo, da anti-reforma e do anti-sindicato” seria a “a democracia dos monopólios nacionais e internacionais”. Mais adiante, mencionou a necessidade da revisão da Constituição de 1946, “porque legaliza uma estrutura sócio-econômica já superada” e da ampliação da democracia, “colocando fim aos privilégios de uma minoria”.
Referindo-se ao decreto da Superintendência da Reforma Agrária (Supra), que havia assinado no palácio das Laranjeiras, frisou que o texto ainda não era a reforma agrária, pois “reforma agrária feita com pagamento prévio do latifúndio improdutivo, à vista e em dinheiro, não é reforma agrária”, mas sim “negócio agrário, que interessa apenas ao latifundiário”.
A reação conservadora foi rápida. Dias depois, uma Marcha da Família com Deus pela Liberdade foi organizada contra João Goulart. Em 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado, depondo João Goulart e pondo fim à pretensão de realização das Reformas de Base.
Fontes:
https://www.preparaenem.com/historia-do-brasil/reformas-base-jango.htm
https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/AConjunturaRadicalizacao/Comicio_das_reformas
Edição do Para Onde Ir: Sérgio Botêlho