Sérgio Botêlho – “Não vamos mais pegar esse vírus”, me disse anteontem, ao telefone, um convicto sobrevivente, até agora, da Covid-19, ainda que não tenha contraído a doença ou tomado qualquer vacina, simplesmente porque a vacina ainda não existe à disposição da massa. O dito cujo, junto com expressivo grupo de animados bricantes das noites das sexta-feiras, estava indo à boêmia, com inusitada animação.
O pior é que tal sentimento é cada vez mais compartilhado por quem teve a sorte, ou cumpriu as regras sanitárias com rigor, de não contrair o coronavírus até o presente momento neste fatídico ano de 2020.
Então, quanto mais firmemente você se contrapõe à tese mais acusado de pessimista você é, na conversa, tão forte é a certeza que o interlocutor tem da capacidade do seu organismo frente ao terrível vírus.
Em auxílio à ignorância é que acorrem os infelizes negacionistas, dentro e fora do governo, que continuam a apregoar o caráter inofensivo do vírus e, mais recentemente, virados em pregadores das mais criminosas mentiras contra as vacinas e as medidas de proteção sanitária contra a pandemia.
Números
Nesta sexta-feira, 04, mais 47.435 pessoas que conseguiram fazer teste (afora os que não conseguem, naturalmente) fizeram com que o Brasil alcançasse a triste cifra de 6.534.951 de brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus.
Segundo os números, o país registrou 674 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 175.981 óbitos desde o começo da pandemia. Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 569.
A variação foi de +19% em comparação à média de 14 dias atrás, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença após uma semana na faixa de estabilidade, segundo o consórcio midiático que resolveu tomar para si a tarefa da contagem após vacilação do Ministério da Saúde.
Portanto, são 47.435 novos infectados e mais 674 mortos. Ou seja, pessoas que até agora, vinham escapando do alcance do vírus, assim como todos nós e aqueles que se acham milagrosamente imunizados, e que acabaram abatidos pelo microscópico e mortal organismo.
Enquanto isso, dados sobre ocupação de leitos hospitalares revelam o drama crescente provocado pelo coronavírus, num fenômeno que a ciência não consegue dizer enfaticamente se já é uma segunda onda ou se ainda se trata de alta de casos da primeira, ainda.
Noticiário serve de alerta
“Santa Catarina tem 13 hospitais com UTIs adulto lotadas com pacientes de coronavírus. Todas as unidades hospitalares que atingiram o limite de ocupação em SC são custeadas pelo SUS”.
“Aumento dos casos de Covid-19 impacta no atendimento em hospitais de Maceió
Com 100% das UTIs ocupadas, Hospital do Coração suspendeu atendimento de emergência a novos pacientes”.
“Sistemas de saúde no Sul e Sudeste do Brasil apresentam no início de dezembro sinais de colapso devido a um novo avanço da pandemia de covid-19 no país. Em Rio de Janeiro e Curitiba, há filas de pacientes em busca de uma vaga em UTIs”.
“Pacientes da Covid têm dificuldade de encontrar vagas nos hospitais do Rio Grande do Norte. Quatro hospitais públicos estão lotados e na unidade referência para Covid em Natal, 25 dos 26 leitos estão ocupados”.
“Hospital da Unimed, em João Pessoa, atendeu uma média de 189 pacientes por dia, com suspeita de infecção pelo novo coronavírus. O número é 32% superior ao registrado no pico da pandemia, no final de maio”.
As notícias, por conseguinte, não são nada animadoras para quem fica se achando protegido pela Providência Divina, quando a realidade mostra o recrudescimento do processo de infecção pelo vírus.
Responsabilidade
Responsavelmente, algumas autoridades – mais no mundo do que no Brasil – começam a retomar medidas de isolamento social para reduzir o processo infeccioso, e evitar mais e mais mortes, não só pela Covid, como, também, por outras doenças que deixam de ser tratadas convenientemente nos hospitais lotados.
Preservar a capacidade de atendimento da rede hospitalar, segundo os médicos, é fundamental neste momento, a despeito dos que negam a gravidade da doença, e, portanto, agem em nome da vida.
E mais do que nunca, torcer fervorosamente pelo advento de uma vacina eficaz, venha de onde vier, que nos permita o livramento de um mal tão terrível como o causado pela atual pandemia, que praticamente pôs o ano de 2020 entre os mais terríveis da história da humanidade.
Vacina, já!