Sanhauá: não apenas berço, mas também porto e aeroporto da Paraíba

PARAHYBA E SUAS HISTÓRIAS. O rio Sanhauá até para pouso de aviões de carreira já serviu

Sérgio Botelho – A notícia está em A União de 10 de setembro de 1931, e diz o seguinte, no português da época: “Hontem, ás 6,30, amerissou no Sanhauá, o hydro-avião Bandeirante, da ‘Condor’, que vinha com a lotação completa, procedente de Natal. Aqui recebeu o Bandeirante numerosa correspondência postal, decolando, após, destino á capital do país e escala”.
A matéria de A União detalha mais: “Havendo notado inconveniências no actual horario dos aviões que procedem do sul, a ‘Condor’ resolveu alterar a partida dos seus apparelhos do Rio, devendo os mesmos aqui chegarem ás sextas-feiras, sendo a sahida do nosso ancoradouro interno mesmo ás quartas-feiras”. Quer dizer, havia certa regularidade para o trânsito desses aviões, executados, ao que parece, à altura do porto do Capim, o ancoradouro de João Pessoa.
Outro dia, Damião Ramos Cavalcanti, professor aposentado e membro da Academia Paraibana de Letras, havia relatado o uso do hidroavião pelo padre Marcos Trindade com destino a Roma, ainda seminarista, usando um hidroavião como ponto de partida, na capital paraibana.
O uso dos hidroaviões no Brasil foi uma resposta pragmática às condições geográficas e infraestruturais do país para atender ao avanço tecnológico da época. A companhia aérea Condor Syndikat foi pioneira na utilização desse tipo de transporte aéreo, o que aconteceu mais fortemente entre as décadas de 1920 e 1930.
Também foi impulsionado pelo apoio governamental, desempenhando significativo papel no desenvolvimento da aviação comercial e na integração do território nacional. Importante anotar, enfim, as diversas maneiras e épocas de como o rio símbolo da origem paraibana se destacou como espaço de ligação de João Pessoa com o resto do país. E mesmo com o mundo.
O rio que nos serviu de berço também se prestou a ponto de pouso para o transporte aéreo na década de 1930. Assim, desde os tempos coloniais, o rio Sanhauá constituiu-se em uma artéria vital para o transporte e o comércio. A movimentação no porto era intensa, para a época, com mercadores, pescadores e viajantes trazendo vida e diversidade para a região.
São essas coisas e as de toda a vida de João Pessoa que me fazem respeitar tanto o Sanhauá como um dos principais símbolos da cidade, um lembrete indelével de seu emocionante passado.
(A foto, bem prejudicada pelo tempo, é da edição de 10 de setembro de 1931 do jornal A União)

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