Um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, FAO, alerta que os setores da pesca e aquicultura podem estar sujeitos a mais interrupções em 2021. A principal razão são as limitações da pandemia, que continuam afetando a oferta e a demanda nesses setores.

Espera-se que a queda global na aquicultura atinja 1,3%, o primeiro declínio anual em vários anos. Entre as principais razões estão os danos causados ao abastecimento, ao consumo e ao faturamento do pescado causados pela pandemia.
Consumidores
A vice-diretora-geral da FAO, Maria Helena Semedo, disse que a crise de saúde “causou um transtorno generalizado na pesca e na aquicultura, pois a produção foi interrompida, as cadeias de abastecimento perturbadas e os gastos dos consumidores restringidos por vários bloqueios.”
A agência adverte que com as persistentes medidas restritivas que vão afetando a oferta e demanda, mais interferências podem impactar o setor ao longo do ano.
Semedo disse que com 2020 registrando a primeira queda em anos na aquicultura, “as medidas de contenção provocaram mudanças de longo alcance, muitas das quais provavelmente persistirão no longo prazo.”
De acordo com a FAO, todas as fases da cadeia de abastecimento da pesca e da aquicultura podem ser interrompidas ou limitadas por estas restrições.
Restaurantes
O Índice de Preços do Peixe caiu para a maioria das espécies comercializadas. Por outro lado, o fechamento de restaurantes e hotéis em muitos países gerou uma queda na demanda por peixe fresco.
Semedo revelou que o impacto da crise foi significativo nos países em desenvolvimento, especialmente naqueles com grandes setores informais, onde trabalhadores artesanais, de pequena escala e comunidades, dependem da pesca para sua segurança alimentar e meios de subsistência”.
Para a vice-chefe da FAO estes grupos são os que “mais têm suportado o fardo das restrições”.
De acordo com o relatório, os produtos da aquicultura não vendidos aumentam os estoques de peixes vivos, criando custos mais altos para alimentação e mais mortalidade de peixes.
Alimentos
Para a FAO, outra questão importante é a série de restrições relacionadas à Covid-19 sobre as tripulações, que aliadas às condições do mercado, reduziu a pesca. Com isso, houve uma ligeira queda na pesca selvagem em nível global no ano passado.
O coronavírus também alterou as preferências dos consumidores. Com as famílias optando por reservar alimentos não perecíveis foi substituída a demanda por peixe fresco por produtos embalados e congelados.
Antes da pandemia, o setor apresentava uma tendência de crescimento. Na última década, o consumo anual de peixe cresceu de forma significativa para uma média de mais de 20 quilos por pessoa.
Com informações da ONU News