Sérgio Botêlho – Para quem não sabe, Patrício José Correia da Câmara, embora gaúcho, patrocina o nome de uma das ruas mais tradicionais de João Pessoa
Penso que existam raríssimas almas paraibanas que conheçam um cidadão de nome Patrício José Correia da Câmara. Quem não sabe fique sabendo ter sido ele um português que após a independência do Brasil recebeu cidadania brasileira.
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Patrício chegou a servir na Índia portuguesa, e de lá veio para o Brasil, com a patente de capitão. Daí, galgou postos militares até chegar ao de general, tendo lutado em guerras portuguesas contra vizinhos da colônia brasileira.
As informações sobre Patrício José Correia da Câmara podem ser encontradas na WikiFox, a Wikipedia portuguesa, com citação de fontes. Entre essas fontes, estão os Estudos da Associação de Professores Católicos do Rio Grande do Sul.
Afinal, foi no Rio Grande do Sul que Patrício José viveu boa parte de sua vida, após chegar da Europa. Foi também em terras gaúchas que construiu fama, tendo lutado na Guerra Cisplatina, até obter o título de Visconde de Pelotas.
Com tal honraria é que conseguiu ganhar o direito de ser lembrado, para além do Rio Grande do Sul, com o nome de uma das ruas mais importantes, do ponto de vista histórico, em João Pessoa.
A artéria – na verdade, uma avenida, portanto, com status de rua mais larga e com mais de uma pista para circulação de automóveis – liga dois pontos de grande valor emocional e urbano para a cidade de João Pessoa: a Praça 1817 e o Ponto de Cem Réis à Praça Dom Adauto.
Estamos nos referindo à Avenida Visconde de Pelotas (em seu início chamada de Rua da Cadeia) que já exibiu orgulhosa as duas principais salas de cinema da capital paraibana: os cinemas Plaza e Municipal.
Em outros tempos, até a década de 1960, pelo seu leito transitavam os memoráveis e indefectíveis bondes com destino a Tambiá, Roger, Mandacaru, Torre e Tambaú, além da própria estação onde eram guardados, pouco depois da Praça da Independência.
A avenida abriga o prédio das prestigiadas Associação Paraibana de Imprensa (API) e Associação dos Servidores Públicos do Estado da Paraíba (Aspep), e da antiga sede da Prefeitura da Capital, na Praça Rio Branco, outro repositório da longa presença da Cidade da Paraíba na vida nacional.
Em sua parte da Praça Dom Adauto, há os históricos prédios do Casarão dos Azulejos, do Palácio do Bispo (sede da Arquidiocese da Paraíba), e do complexo das carmelitas (Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Igreja de Santa Teresa).
Nos prédios das carmelitas destaque especial ao consagrado espaço utilizado pelo saudoso Padre José Coutinho, que viveu para amparar famílias pobres, muitas delas vindas do interior.
Pois é essa a conformação urbana e histórica da Rua Visconde de Pelotas, hoje um espaço urbano predominantemente comercial, que homenageia um nobre gaúcho do reino de Portugal e do Império do Brasil, com trajetória política e militar tupiniquim, no Rio Grande do Sul.
Em Recife, também já existiu uma rua dedicada a homenagear o Visconde de Pelotas, no tradicional bairro de Boa Vista. Contudo, a partir da década de 20 do século passado passou a se chamar Rua do Aragão, um pranteado português que ao menos morou no local durante sua travessia pela existência.
(Em tempo: houve outro Visconde de Pelotas, neto do cidadão a que nos referimos no texto, que também guardava o seu sobrenome e, da mesma forma, foi nascido, criado e fez fama no Rio Grande do Sul).