Nesse domingo, 10, falámos sobre a criação da revista O Cruzeiro. Nesta segunda-feira, 11, vamos falar de um artista que contribuiu por alguns anos para o sucesso da revista. Falo de Antônio Nássara, nascido a 11 de novembro de 1910, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
Nássara
Nássara, tal qual era mais conhecido, não apenas foi caricaturista, como na função que exerceu em O Cruzeiro. Ele também foi compositor, com dezenas de produções suas, ou em parceria, gravadas. Afinal de contas, apesar ter nascido em São Cristóvão, acabou sendo vizinho de Noel Rosa, na Vila Isabel.
Por sinal, foi parceiro de Noel Rosa na composição Retiro de Saudade. A música foi gravada pelos grandes intérpretes Carmen Miranda e Francisco Alves. Registre-se que Retiro de Saudade é, segundo sua biografia, a única composição gravada, em conjunto, por esses dois ícones da música brasileira.
Allah-lá-ô, ô ô ô ô ô ô, mas que calor, ô ô ô ô ô ô. Atravessamos o deserto do Saara, o sol estava quente e queimou a nossa cara”. Quem nunca curtiu a indefectível Allah-lá-ô entre os que viveram os antigos carnavais de clubes, no Brasil?! Pois bem, é outra composição de Nássara com Haroldo Lobo.
“Meu consolo é você, meu grande amor, eu explico porque; sem você sofro muito, não posso viver, sem você mais aumenta o meu padecer. Tudo fiz sem querer, meu grande amor, eu peço desculpa a você”. Essa é mais uma marchinha que teve a coautoria de Nássara, com Roberto Martins.
Na O Cruzeiro
Segundo registros históricos, Nássara por dois anos trabalhou como caricatura em O Cruzeiro. Na revista, ele ironizava figuras da Segunda Guerra Mundial. Especialmente nazistas e fascistas, por quem nutria particular aversão.
Antes disso, ou como chargista ou na função de paginador, trabalhou nos jornais Carioca, O Globo, Vamos Ler, A Noite, Diretrizes. Depois, em Mundo Ilustrado, Flan, Última Hora e Pasquim.
No Pasquim
Na década de 70 colaborou com o tabloide Pasquim, que fazia um jornalismo crítico à ditadura brasileira. No trabalho com o Pasquim, dizem seus biógrafos, mereceu elogios, pelo traço e capacidade de expressão, de todos os colegas do jornal de resistência.
Morte
Nássara faleceu aos 86 anos, em 1996, sendo, na ocasião, objeto de registro por todos os grandes jornais do país, que exaltaram sua arte. Faleceu na mesma Rio de Janeiro, onde nasceu, pela manhã, lendo jornal. De infarto. Mas, para sempre, na história da cultura e do jornalismo brasileiro.
Leia mais memórias de cada dia, aqui, no Para Onde Ir.