Manoel de Barros é a figura do Para Onde Ir, neste 19 de dezembro. Dessa maneira, porque foi em um 19 de dezembro do ano de 1916, que nasceu o poeta. Assim, Carlos Drummond de Andrade cuidou de recusar o título de maior poeta brasileiro. Segundo o mineiro, o maior mesmo era Manoel de Barros.
Aparelhado
Manoel de Barros era um aparelhado, segundo ele mesmo se classificou em um de seus poemas. Assim escreveu em “O Apanhador de Desperdícios”, um poema marcado pela genialidade.
Disse ele: “Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos.” Decerto, linda, humana, profundamente emotiva e, com efeito, tão necessária, nos tempos modernos, a confissão do poeta.
Breve biografia
Manoel de Barros nasceu em Cuiabá, na época, capital do Mato Grosso, ainda unificado. Mas, ainda bebê, migrou com a família para Corumbá. Agora, já em território do futuro estado do Mato Grosso do Sul. Enfim, aos 13 anos, foi morar em Campo Grande, atual capital sul-mato-grossense, onde faleceu bem próximo dos 100 anos.
Ainda bem novo, morando no Rio de Janeiro, para estudar advocacia, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro. Contudo, promoveu a sua desfiliação quando Prestes resolveu, em 1950, apoiar Getúlio Vargas à presidência da República. Ao poeta era absolutamente incompreensível fazer campanha para quem havia entregue Olga Benário Prestes aos nazistas.
Prêmios
Apesar de grandiosa, porém simples e magnífica, a poesia de Manoel de Barros somente veio a ser conhecida após os prêmios que recebeu. Os mais significativos foram dois Jabutis, considerado o mais tradicional prêmio literário do Brasil.
Orgulhoso, como se dizia, nunca procurou as rodas literárias. Por isso é que permaneceu nas sombras, até ser reverenciado por gente como Drummond, Millôr Fernandes e Antônio Houaiss. Dessa forma, permitindo que sua simplicidade e genialidade fossem, afinal, conhecidas do grande público.
Na sequência, um de seus poemas mais famosos:
O fazedor de amanhecer
Sou leso em tratagens com máquina.
Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Fontes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Manoel_de_Barros
https://blog.estantevirtual.com.br/2017/12/19/manoel-de-barros-o-grande-poeta-brasileiro/
https://www.ufrgs.br/enunciarcotidianos/2017/07/18/o-apanhador-de-desperdicios-manoel-de-barros/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%AAmio_Jabuti
Memórias
Dessa maneira, Manoel de Barros passa a fazer parte das memórias do site.