Sérgio Botêlho – Ao mesmo tempo em que Lyra, Stuckert, Nuca e Estrela, o Foto Condor, de Ariel e Arion, fez história no campo das empresas pessoais de fotografia em João Pessoa
Não tinha quem não parasse para olhar aquelas imagens bizarras expostas do lado de fora da empresa particular de fotografia de Ariel e Arion (com nome de fantasia de Foto Condor). Tanto podia ser um inhame disforme e gigante quanto um porco que teria nascido com cara de gente.
JOÃO PESSOA E SUAS HISTÓRIAS
A pequena empresa fucionava, nas décadas de 1950 e 1960, na rua Miguel Couto, bem pertinho da Visconde de Pelotas, prédio em que, hoje em dia, funciona barbearia bem frequentada.
EFEMÉRIDES - DESTAQUES DO DIA
Atualmente, nos tempos do Adobe Photoshop, montagens assim são cafés pequenos para os versados nesse e em outros programas semelhantes de tratamento de imagens. Quero ver naquele tempo de técnicas ainda primárias de revelação de filmes, com química e salas escuras!
Aliás, tem muita gente que, ainda hoje, prefere as fotografias em preto e branco, a especialidade dos dois, pai e filho. Com efeito, em termos artísticos, não há comparação entre uma foto em preto e branco e outra colorida, quando se trata de jogo de sombras.
Realmente, não tem parelha, em termos de beleza, por exemplo, apreciar, em preto e branco, os detalhes de um anoitecer urbano, e chuvoso, com um rio e uma mata ao fundo. Tudo trabalhado com muita arte, durante a revelação e a utilização dos químicos, para um resultado de qualidade.
Pois bem. Nos tempos de Ariel e Arion, havia outros laboratórios de fotografia em João Pessoa, ainda hoje vivos na memória dos remanescentes daqueles tempos. Por exemplo: o Foto Lyra, vizinho ao Rex. Outro: o Foto Stuckert, entre a Igreja da Misericórdia e o Ponto de Cem Réis. Sem esquecer os fotos Nuca e Estrela.
Anote-se que os descendentes de Lyra não seguiram a profissão do pai. Mas, os descendentes de Stuckert, sim. Há Stuckerts que trabalham em Brasília, com grande destaque, na reportagem fotográfica. E outros ainda que permaneceram em João Pessoa.
Agora, entre todos, apenas Ariel e Arion, que eu me lembre, expunham aquelas fotos bizarras, daquele jeito, em frente ao prédio onde funcionava o estúdio fotográfico de pai e filho.
Fico a imaginar o quanto eles gastavam em sapiência no assunto, em dinheiro e em sola de sapato para correr atrás dessas imagens, algumas vezes, gravadas longe da cidade. Muitas dessas fotos, inclusive, foram parar nas páginas dos jornais diários que circulavam na capital paraibana.
Não me consta que eles tenham amontoado riqueza com a arte, mas, ambos, fazem parte da história do cotidiano pessoense, para sempre.