João Pessoa e suas histórias: o antigo areal do Baixo Tambaú

Entre a parte final da atual Ruy Carneiro e a avenida Nego, no Baixo Tambaú, havia pescadores, suas jangadas, suas caiçaras e um imenso areal que foi encoberto por uma obra postiça que mudou a paisagem da antiga Praia de Santo Antônio; os pescadores e suas jangadas sobreviveram, às duras penas, mas suas caiçaras, nem tanto

Até o final da década de 1960, a singela e sempre bela praia de Tambaú exibia para orgulho dos pessoenses um imenso areal entre o final da avenida Nego e o antigo Elite Bar, à margem da hoje avenida Ruy Carneiro, região batizada de Baixo Tambaú.

JOÃO PESSOA E SUAS HISTÓRIAS

Naquela parte da antiga Praia de Santo Antônio, o referido areal enchia a paisagem, separando a rua por onde os automóveis trafegam e a linha onde as ondas quebram, espaço, então,  geralmente muito curtido pela população pessoense. Igreja de Santo Antônio, em João Pessoa (bela e contemporânea)

O espaço todo formava um ambiente de convivência entre banhistas, pescadores e jangadas e barcos da icônica e histórica colônia de pescadores da principal e mais famosa e limpa praia urbana conhecida hoje como Tambaú.

De construção mesmo só havia as caiçaras, coberturas formadas por estacas e palha de coqueiros erguidas pelos pescadores. Era ali que os profissionais da pesca se defendiam do sol, descansavam da lida e, não raramente, até dormiam em redes quando as saídas e chegadas do alto mar aconteciam pela madrugada, no ritmo das marés. 

Contudo, para azar da beleza natural e do meio ambiente local, e do bem-estar dos pescadores, o Estado paraibano achou de cobrir o areal com um imenso prédio destinado a um hotel que, pelo que pensavam os seus idealizadores, iria levantar, finalmente, o turismo pessoense. 

Sem muito espaço e, ainda, prejudicadas em seu propósito de sempre, pelo aumento da violência, as caiçaras não se prestam mais ao que nativamente se prestavam. E perderam grande parte da importância que tinham.

Como vivíamos uma época de ditadura, onde os poderes da União e dos governos estaduais eram praticamente absolutos, as vozes dissonantes da sociedade foram abafadas e o projeto se impôs até seus recentes desaguisados, à espera de um desfecho.

Seja lá no que der, o Hotel Tambaú é, na verdade, uma história mal urdida e, portanto, dissonante de tudo o que se pregava e ainda se defende em termos de turismo sustentável como princípio para a garantia de que ele (o desenvolvimento do turismo) seja permanente. 

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