Sérgio Botêlho – Neste primeiro de julho, aqui no Planalto Central do País, região que comporta o Distrito Federal, conforme perpetuada por Caetano Veloso em sua imortal Tropicália, seguimos vivendo um frio danado de início do inverno, e até já chegamos a uma mínima de 6 graus centígrados, ontem. Haja frio!
Mas, certamente, o frio se limita à temperatura física porque, na política, a onda está muito quente, já que 7 bandidos (no conceito do presidente Bolsonaro) resolveram a ferro e fogo investigar a postura do governo federal na pandemia.
As centenas de milhares de mortes impulsionaram o empreendimento político transformado em Comissão Parlamentar de Inquérito, no Senado Federal. Hoje, por exemplo, será ouvido Luiz Paulo Dominguetti, representante da empresa Davati Medical Supply. Dominguetti denunciou que servidores do Ministério da Saúde haviam cobrado dele suposta propina por venda de vacinas.
Quem deveria ser sabatinado, na verdade, era o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da Precisa Medicamentos, que intermediou um contrato eivado de suspeitas para compra da vacina indiana Covaxin, no valor de R$ 1,6 bi.
Havia, entretanto, um perhaps: Francisco conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal e, se quisesse, poderia ficar calado. Portanto, a mesa da CPI resolveu antecipar a oitiva de Dominguetti, adiando a de Maximiano. Quem estiver vivo pode assistir, hoje, o rolo todo, em tempo real, na TV Senado. Mais ou menos a partir das 9hs30min.
Mas, não só para CPI existe esse primeiro de julho, véspera de um acontecimento singular, no Brasil, expresso no fato histórico da independência da Bahia, que se comemora amanhã, 2 de julho, e sobre ele amanhã falaremos.
Foi num primeiro de julho que, revoltados, uns, maravilhados, outros, e estupefatos, todos, os contemporâneos de Darwin puderam, pela primeira vez, tomar conhecimento de que a evolução dos seres vivos tinha explicação científica, e se dava por meio de seleção natural.
Em seu famoso livro A Origem das Espécies, Darwin explicou, então, que as espécies evoluem pela seleção natural, onde a combinação da luta pela sobrevivência e as aptidões dos organismos resultam na seleção e evolução de todos os seres vivos, inclusive nós outros, claro!.
Assim, em 1 de julho de 1856, tendo como palco a Linnean Society, em Londres, sociedade científica dedicada à biologia desde 1788, a ciência transformou em lenda o velho capítulo do casal original, Adão e Eva. Uma engenhosa e infeliz história que acabava pondo nos ombros da mulher a maior culpa pelos males e percalços morais da humanidade. Afinal, no que pese dever sua vida apenas a uma costela do homem, diabolicamente levou-o ao pecado.
Por falar em mulher, e voltando ao Brasil, a gente teve o desprazer de ficar conhecendo, por esses dias, mais um capítulo da nossa miséria. É que mais de 4 milhões de meninas, no país, não têm acesso a itens mínimos de cuidados higiênicos, resultando na chamada pobreza menstrual.
Na vida normal, não alcançam o direito à higiene onde moram, como por exemplo, banheiro ou chuveiro, em casa, acesso à água canalizada em moradias que, além disso, não possuem ligação à rede de esgoto. Afora, é claro, não acesso a absorventes e sabonetes.
Temos que falar sobre um desassossego desses em pleno Século XXI. É muito bizarro, assim como é bizarro imaginar que há uma gente, em plena pandemia, combatendo a vacinação e medidas sanitárias necessárias ao enfrentamento do vírus.
“Ora, ora pro nobis”