Dirigido por Walter Salles, o filme Central do Brasil ganha o Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim e é aplaudido de pé por 10 minutos
No dia 22 de fevereiro de 1998, o filme “Central do Brasil”, de Walter Salles, foi premiado com o Urso de Ouro no 48º Festival de Cinema de Berlim, na Alemanha. Fernanda Montenegro, que interpreta uma professora, levou a estatueta de melhor atriz. Reconhecido também pelo Júri Ecumênico, Central do Brasil foi a obra que levou mais prêmios no balanço final do festival.
“Central do Brasil” foi uma das poucas produções aclamadas pelo público e pelo júri do festival. Na apresentação oficial, no dia 14, o longa foi aplaudido de pé durante dez minutos ininterruptos pelo auditório lotado. O filme conta a história de uma professora cínica e amargurada que vai ao sertão na esperança de encontrar o pai de um menino (Vinicius de Oliveira) que, por força do destino, parou em suas mãos.
A concepção do filme surgiu no início de 1993, após Salles ter lido uma carta enviada a seu amigo Frans Krajcberg por uma, até então, presidiária. O momento de crise econômica pelo qual o Brasil estava passando também foi relevante para a inspiração do roteiro.
O diretor tinha em mente trabalhar com alguns profissionais desconhecidos pelo público, de modo que fosse realizado um trabalho autêntico e simples, uma vez que eles não deixariam suas experiências de carreira refletirem na produção. O diretor de fotografia responsável foi Walter Carvalho. Para a música, Antonio Alves Pinto e Jaques Morelenbaum assinaram o contrato. As filmagens começaram em 1996 e tiveram locações no Rio de Janeiro e em alguns estados nordestinos.
O longa teve sua pré-estreia mundial em uma mostra regional de cinema na Suíça em 16 de janeiro de 1998, seguido de uma exibição no dia 19 do mesmo mês no Festival Sundance de Cinema, nos Estados Unidos.
Seu lançamento no Brasil ocorreu no dia 3 de abril do mesmo ano. Central do Brasil recebeu “aclamação universal” por parte da crítica especializada, que elogiou a direção, o roteiro, as atuações e a trilha sonora, e entrou em diversas publicações dos Melhores do Ano.
É considerado um clássico e um dos filmes brasileiros mais importantes já feitos, uma vez que representou um grande marco no período de reflorescimento da produção cinematográfica brasileira, conhecido como “cinema da retomada”, e restituiu confiança ao cinema nacional.
A interpretação de Montenegro foi aclamada pelos críticos e imprensa nacionais e internacionais e rendeu-lhe uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz — tornando-a a primeira latino-americana, a única brasileira e a única atriz já indicada ao prêmio por uma atuação em língua portuguesa — e uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático.
O filme recebeu diversos prêmios e indicações ao redor do mundo, dentre eles, uma outra nomeação ao Oscar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, ao Independent Spirit Award e aos Prêmios César, e venceu o BAFTA, o Globo de Ouro, National Board of Review e o Prêmio Satellite — todos na mesma categoria.
Em novembro de 2015, a obra entrou na lista dos 100 Melhores Filmes Brasileiros de Todos os Tempos, realizada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema.
Com informações do UOL-History e da Wikipédia Destaques históricos e efemérides