Pós-pandemia: novo normal e as ‘cidades de 15 minutos’

O conceito de ‘cidades de 15 minutos’ surgiu mesmo antes da pandemia do coronavírus, e, em meio à crise, acelerou o prestígio. Baseada na ideia geral de cidades policêntricas, a das ‘cidades de 15 minutos’ aprofunda a proposta.

_Sérgio Botêlho_

O conceito vem do professor Carlos Moreno (franco-colombiano), da Universidade de Sorbonne, em Paris. Segundo pensa, o propósito final é de o citadino ter as funcionalidades necessárias à sobrevivência mais perto de casa.

No circuito próximo da residência, por conseguinte, estariam farmácias, padarias, supermercados, empregos, escolas, esporte, lazer, serviços públicos etc. Assim, seriam repensadas todas as áreas das cidades, incluindo as regiões periféricas. Estas, a sofrerem importantes mudanças a partir de um princípio socioeconômico mais calcado em uma melhor distribuição de renda.

Novos tempos

Os serviços públicos, aqueles prestados diretamente pelo Estado, poderiam, nesses novos tempos, defendem especialistas, serem oferecidos com inspiração no marketplace, do ponto de vista físico. Portanto, funcionariam em espaços comuns, mesmo de empreendimentos privados.

O fortalecimento do home office, na pandemia, também seria parte impulsionadora desse novo conceito, no período posterior à crise sanitária. O advento dos automóveis autônomos, da mesma forma, vai implicar em mudanças profundas na conceituação de praças, ruas e equipamentos urbanos diversos.

Há, ainda, os drones, a evoluírem em formato e trânsito, com influência direta na mobilidade. O conjunto da obra, certamente, importando, ao cabo, em mudanças significativas nos atuais parâmetros da mobilidade urbana.

Estudos e experiências

Na Europa, região do mundo em que predomina o conceito de bem-estar social, os estudos a as experiências se expandem. Incluindo, a intenção de tirar os automóveis, altamente poluidores, de circulação.

“Essa é uma tendência que a pandemia deve acelerar. As cidades atingiram um nível de espalhamento insustentável. O desenho urbano ideal tende a evitar grandes deslocamentos e concentração de pessoas”.

Dessa forma enxerga o professor Tomas Alvim, coordenador do Laboratório Arq.futuro de Cidades do Insper, conforme citado em matéria do jornal Estado de São Paulo intitulada “Como serão as cidades no pós-pandemia”.

Ele prossegue: “As cidades desenvolvidas estão caminhando nessa direção. As europeias, por exemplo, têm um histórico de intervenção urbana consistente: são cidades que estão fazendo a lição de casa no planejamento urbano ao longo do século.”

Paris

Conta a matéria do Estadão que a prefeita da Paris, Anne Hidalgo (nascida espanhola e, na condição de migrante, naturalizada francesa, aos 14 anos) tem o projeto de ‘cidades de 15 minutos’ em sua plataforma eleitoral para reeleição. Hidalgo está no cargo desde 2014.

Efetivamente, com 44% das intenções de votos, no momento, e vencedora do primeiro turno eleitoral em março último, a prefeita socialista está, portanto, na dianteira para vencer o segundo turno no próximo dia 28.

Anne é favorecida, em especial, pelo fato de conduzir uma Paris onde mais da metade da população diz que vai votar com base em programas que respeitem o meio ambiente. E, para o segundo turno, ela está exatamente unida com os Verdes, o que fortalece a autoridade que também possui, nesse particular.

Tendência

Inevitavelmente, as cidades terão mesmo de mudar o conceito de organização do espaço urbano, a partir das novas tecnologias em desenvolvimento. Contudo, a pandemia é o elemento novo capaz de abreviar o tempo na perspectiva dessas mudanças.

É possível afirmar que, dessa vez, o terror patrocinado pela Covid-19, mais do que em qualquer outra crise sanitária anterior, deve estabelecer mudanças bastante significativas na forma de as cidades se organizarem, a partir do fim da tragédia que estamos vivenciando.

Dessa maneira, dentro de princípios mais gerais de entendimento da organização política e social mundial, na projeção de um tempo futuro mais preocupado com a redução da pobreza, da implantação de  sistemas universais de saúde pública e de humanização dos dispositivos urbanos.

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